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Discurso de Gilberto Gil na ONU

Discurso de Gilberto Gil na ONU


Brasil, Paz no Mundo GENEBRA
19 DE AGOSTO DE 2004
"Boa noite a todos e a todas,Há exatamente um ano, morria em Bagdá um dos maiores militantes e defensores da paz mundial: Sérgio Vieira de Mello. Brasileiro. Embaixador da ONU. Cidadão do mundo. Exemplo e essência do que chamamos solidariedade, respeito, coragem e união. Com ele, morreram também outras 22 pessoas, sendo que 19 funcionários da ONU, todos em nome da paz.Essas mortes fizeram nascer um caminho a ser percorrido em escala mundial: por todos os povos, todas os países e todas as línguas.Certamente, Vieira foi porta-voz de uma aspiração universal, mas também foi testemunho vivo do espírito da nação brasileira. Uma nação plural, plurirracial e multicultural. Potência pacífica e cordial por natureza, que substitui o desejo de dominação pela vontade de inclusão e convivência.O Brasil tem hoje papel singular no mundo. Sua grandeza econômica, cultural e ecológica se concretiza como base de sustentação de um projeto pacifista.Por isso, em apoio ao Programa Mundial das Nações Unidas para o Diálogo entre as Civilizações, o governo brasileiro propõe-se a preparar uma conferência internacional sobre o Diálogo entre as Civilizações.O Brasil está determinado a implementar ações voltadas para a construção da harmonia entre os povos, fortalecendo o papel da diversidade cultural para a prevenção e mediação de conflitos, visando, assim, a construção da paz duradoura.O nosso país celebra a arte do encontro, da resistência cultural e da fraternidade. É por isso que trago hoje à ONU capoeiristas de todo o mundo para homenagear a Sérgio Vieira e seus campanheiros e companheiras. Afinal, ninguém luta só, ninguém dança só.Capoeira é atitude brasileira que reconhece uma história escrita pelo corpo, pelo ritmo e pela imensa natureza libertária do homem frente à intolerância.Luta e dança e ritmo e vigor físico. Os negros criaram a capoeira tanto para servir ao prazer quanto ao combate. Realizaram, na própria carne, essa imagem da vida, fundamental até hoje.Os afro-brasileiros souberam transformar a violência em camaradagem, envolvendo dança, ritmo, canto, toque e improvisação. A capoeira é uma afirmação existencial do povo negro no contexto do escravagismo e do racismo de dominação presentes em momentos diversos da sociedade brasileira. No jogo de gingas e na mandala da roda da capoeira está a história do povo negro na diáspora.O humanismo é a raiz da capoeira. Ela educa, ensina o respeito, dá sentido à mente e ao corpo, cria auto-estima nos seus praticantes – dá sentido à vida do seu povo. Os batuques eram a festa dos negros, oportunidades para celebrações de valores culturais trazidos pelos africanos.Mas não foi fácil para a capoeira colocar o pé no mundo, transformar-se numa arte planetária. Muitas foram as adversidades enfrentadas ao longo da história: preconceitos sociais e raciais, perseguições policiais e rejeição das elites. Os dois grandes ícones da capoeira no Brasil, mestres Bimba e Pastinha, morreram esquecidos e sem reconhecimento. Hoje alguns mestres até ganham prêmios ou títulos no exterior, mas, no Brasil, não têm nada a receber… muitos encontram-se em situação de carência absoluta.Têm sido assim as voltas dos capoeiras. Diante dos obstáculos, rodopiam e conseguem, com o gesto rápido, a arte da esquiva e a malícia do golpe não finalizado, girar a roda da vida e do destino.Sobre(viveram!). O negro se fez Capoeira e gingou do jeito que dava para gingar. Descobriu um modo de ser e com isso nos ensinou a prosseguir. Desviou-se da chibata e aprendeu a contorcer o corpo na luta. Transformou o choque das correntes no balanço dos chocalhos. Engoliu o choro com um canto mais alto. E devolveu em arte e manha o que era sangue e castigo.Os capoeiristas deram a volta por cima. Atualmente, a capoeira já é praticada em mais de 150 países.Nas Américas, no Japão, na China, em Israel, na Coréia, na Austrália, na África e em praticamente toda a Europa. A capoeira disseminou-se pelo mundo com entusiasmo. Mesmo sem falar português, um chinês, um árabe, um judeu ou um americano podem repetir o compasso da mesma música, a arte do mesmo passo e a ginga do mesmo toque.A diáspora da capoeira no mundo é uma realidade que já conta com o aval de instituições educacionais como o UNICEF, que referenda trabalhos de iniciativas dos capoeiristas brasileiros em vários países.Muitas vezes, esses capoeiras são requisitados para ações de inclusão social de crianças e adolescentes em áreas de risco social (“drops outs”), além de repatriados, vítimas das mazelas da guerra e pessoas portadoras de deficiência física.Não há mais dúvida que a capoeira é instrumento da socialização e da ressocialização em vários níveis. Ela integra diversas linguagens na sua forma de expressão: é balé, é arte circense, é dança de rua, é ginástica, é canto, é luta, é jogo, é ginga. Ela ajuda na superação dos limites do corpo e da mente; na recuperação das energias após a fadiga; na criação do espírito coletivo de camaradagem pelas artes, manhas e artimanhas do seu jogo de enigmas.Não poderia ter data mais significativa do que esta – um tributo à paz mundial – para fazermos uma reparação histórica a esta manifestação dos africanos escravizados no Brasil.Anunciamos aqui, neste palco da Organização das Nações Unidas, as base de um futuro Programa Brasileiro e Mundial da Capoeira.Agora, quem dá a “volta por cima” é o Estado brasileiro, que vem ao mundo reconhecer a capoeira como uma das mais nobres manifestações culturais. O Ministério da Cultura do governo do presidente Lula passa a reconhecer essa prática como um ícone da representatividade do Brasil perante os demais povos.Realizaremos ainda este ano uma reunião com os capoeiristas brasileiros e estrangeiros para delinearmos uma grande ação para a capoeira. Queremos ouvir e assimilar as necessidades e demandas dos diversos capoeiristas: do Brasil e do mundo.Já temos algumas propostas desenhadas. Queremos construir um calendário anual, nacional e internacional da capoeira. Criar um Centro de Referência no Pelourinho, em Salvador, que servirá não só de acervo de pesquisas, livros, adornos e imagens, mas também de espaço para atividades. A Bahia, assim, deve se afirmar como uma espécie de “Meca da Capoeira”.Entre as outras medidas previstas, está a criação de um programa a ser implementado em escolas de todo o Brasil pelo nosso Ministério da Educação – considerando, assim, a capoeira como prática cultural e artística, e não apenas tão somente como prática desportiva. Também propomos a criação de uma previdência específica para artistas e, dentro desse plano, atenção especial aos capoeiristas.Pretendemos dar apoio diplomático aos capoeiras que hoje vivem no exterior – que podem ser considerados verdadeiros embaixadores da Cultura Brasileira, assim como efetivar o reconhecimento do notório saber dos mestres. Por fim, também lançaremos editais de fomento para projetos que usem a capoeira como instrumento de cidadania e inclusão social.Esta é a primeira manifestação do Estado brasileiro em reconhecimento da autenticidade cultural da capoeira. E digo mais: a dificuldade histórica deste reconhecimento pelo Estado se explica justamente pelas origens da capoeira serem parte do contexto sócio-cultural dos negros na sociedade. A capoeira deixa entrever em cada gesto o jogo de lendas e histórias heróicas do martírio do povo negro no Brasil. Chegou o momento de potencilizar essa prática cultural milenar, vista apenas como esporte. Que possamos nós, em vez de desapropriar, valorizar essa base cultural imensurável.Que possamos aprender com a Capoeira que nos mantém íntegros e integrais nessa grande salada global de etnias. Que possamos jogar sem a mancha da submissão. Que possamos gingar para dar o drible no controle que tenta unificar a cultura do mundo pela imposição do único.A capoeira está entre as grandes contribuições do Brasil ao imaginário do mundo. Esta é a prova de que o mar leva… e o mar devolve: saímos dos porões amargurados dos navios negreiros e voltamos consagrados pela fraternidade da arte. Resistência da Capoeira...Vamos agora iniciar um ritual globalizante, uma reza de todas as línguas: iorubá, chinês, inglês, espanhol, francês, português, o que seja: que venham todas. Faremos, juntos, esta oração da dança e do corpo, do som e da voz.Vamos invocar nossos mestres e esses tantos mestres que escreveram a capoeira na história. Quero reverenciar alguns mestres que já se foram: Bimba, Pastinha, Aberrê e Besouro Mangagá. Chamo também os mestres Noronha, Maré, Bilusca, Rosendo, Atenilo, Samuel Querido de Deus, Waldemar, Traíra e Najé.Invoco os mestres, estes vivos: Cobrinha, João Grande, João Pequeno, Caiçara, Canjiquinha e Camisa, que hoje tem quase 40 mil alunos espalhados pelo mundo.Em nome desses mestres e de muitos outros mestres, o Ministério da Cultura do Brasil convoca todos uma roda, ou melhor, uma mandala da dança pela paz...Com vocês, os mestres e capoeiristas que plantarão hoje essa semente de amor e união. Quero chamar a este palco os velhos mestres de Angola - Moraes e Curió, vindos da Bahia. Também de lá, o mestre Duende.Vinda do interior do Maranhão, a nossa gloriosa Espoleta, que teve na capoeira o caminho para enfrentar a pobreza e hoje é exemplo que esta é, de fato, uma prática pela inclusão - o nosso querido Bracinho, portador de deficiência física, outra prova de que a capoeira é um dos grandes meios de inclusão.Agora, o filho de nosso saudoso Mestre Bimba: Luisinho, que honrou as raízes do pai e dos afro-brasileiros.E direto da Bélgica: Dendê e Abelha. Do Japão: Katana. De Israel: Sapio e Gato Branco. Da Holanda: Samara. Todos esses são provas de que a capoeira pode ser globalizada num mesmo tom...


Iêê: é Paz no Mundo, Camará.....

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Instrutor Luiz Fumaça

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